segunda-feira, 26 de julho de 2010

OS TRÊS PONTOS


Um ponto perambulava sozinho.
Até que encontrou outro ponto perambulando.
E o primeiro ponto perguntou ao segundo: o que fazes?
O segundo respondeu: eu perambulo!
O primeiro: vamos perambular juntos?
O segundo aceitou; e saíram os dois, perambulando..

Falavam das agonias e dificuldades de suas vidas.
Comentaram sobre a insensibilidade humana.
Reclamaram da desigualdade,
Da falta de solidariedade das pessoas.
E que também, já tinham muita idade.


Mas eis que encontram um terceiro ponto, perambulando.
E os dois, olharam um para o outro...
E um disse: será que ele vai perambular conosco?
O outro: não sei! Vamos perguntar!

Como vai, senhor terceiro ponto?
Ao que ele respondeu: vou perambulando!

Um sorriso brotou nos rostos dos dois amigos pontos.
Que ótimo! Que maravilha! Que esplêndido! Exultaram.
Nós também perambulamos...
E falávamos da vida.
Deseja se juntar a nós?

O terceiro inquiriu: e sobre o que falavam?
Falávamos sobre os problemas do mundo, responderam em coro!
Bem, disse o terceiro ponto,
Eu não gosto de falar apenas de problemas!
Eles já existem por si mesmo, além dos nossos comentários...

Eu proponho que nós três perambulemos,
Mas falaremos de possíveis soluções e atos,
E não de ficar apenas revirando o passado.
Quando três pontos se juntam, tudo acontece e tudo muda!

Todos se entreolharam por um momento...

E uma luz surgiu intensamente,
Sem ninguém saber explicar sua razão!

E os três pontos então, tornaram-se um ponto só, subitamente!

E o brilho foi tão intenso, que clareou tudo em volta!
E tudo aquilo que afligia e incomodava, desapareceu!

Ficou apenas a luz forte,
Como algo divinizado,

Num único e solitário ponto,

Resplandescente, todo iluminado...


RRS

sábado, 24 de julho de 2010

NAMASTE

Eu te saúdo, ó total!
Eu te venero em tudo,
Porque todos somos únicos assim:
Permanente, abrangente, inundante.

O grão de areia da praia distante,
Está no teu corpo agora, e está no meu também.
O ar das águias, respirado nas alturas,
Enche o meu peito e te alimenta.

A água no rio transparente,
Locomove os peixes e as criaturas.
O oceano sem fim, corre também em mim,
No teu sangue quente, reage e me esquenta.

Eu e voce, os dois, somos apenas um!
O ar, o grão, a água.
O espírito e a alma.

Tudo que me agita e te acalma,
Toda minha tristeza e tua dor,
Toda a tua alegria e todo o meu amor.

Tu sofres, eu choro, sofremos.
Danço, rodopias e grito,
Sou feio e sou bonito,
Sou santo e sou dragão.

Voce e eu, como um espelho!
Um Deus em frente ao seu altar.
A besta que te apavora,
Que faz estremecer meu coração.

Posso ver tudo com os teus olhos,
Usar tuas pernas e meus enlaços,
Meus pulmões e tua voz.

Eu rezo por você agora,
Em frente de mim, com toda a tua emoção.
Eu te abraço com os teus próprios braços,
Não existimos, somos apenas nós...

RRS

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A PAZ DE CADA UM

Se a paz pudesse estar em cada um !
Se cada um, tivesse um pouco, dessa paz !
A Paz do mundo seria um pouco, nós...

Se o somatório dos grãos da praia-areia;
Se a gotas-mares dos oceanos sem fim;
Se tudo isso, tão pequeno, tão singelo,
Pudesse eu, ser parte dele assim,
O mundo certamente eu mudaria,
Mas teria primeiro, com certeza,
De mudar o meu próprio mundo em mim.

Porque o meu mundo, posso eu mesmo controlá-lo!
Eu sou seu dono, seu senhor e presidente!
Nesse país, mando eu, cada momento,
Tenho o poder de dominá-lo, eternamente.

Eu só preciso da minha resolução,
Para mudar completamente essa nação.
Mas luto eu, em guerras que eu mesmo fiz.
Sem entender porque não sou tão feliz...
Justificando, a cada dia, meus rancores,
Guardo mazelas, tristezas e desamores...

Dentro de mim, a lava-vulcão borbulha!
As vezes, até tento vomitá-las...
Elas não saem, ficam lá, me embrulhando...
E eu sofrendo a cada dia, com essas dores,
Com esse fogo interior me cozinhando.

Eu quero um dia jogar fora tudo isso:
As vaidades, os orgulhos, sofrimentos...
Por que tenho eu que cultivá-los?
Se eles me matam, me sufocam, me atormentam!?

Eu preciso, urgentemente, descartá-los!
Pegar seus corpos e jogá-los no espaço!
Que fiquem longe, não retornem nunca mais!
E o meu sonho de querer mudar o mundo,
Vai começar, através da minha paz...

20 ago. 1999

RRS

sábado, 17 de julho de 2010

ESPANTO


São poucas as verdades verdadeiras
Que não sejam verdades passageiras;
Até que outra, se apresente e nos convença
A mudar nossa certeza e nossa crença.

Num imenso prato azul e tenebroso,
Somos tragados por um ser devorador!
Nessas viagens intermináveis de incertezas,
Sopram constantes rajadas de pavor...

Na escuridão do céu, não cintilantes,
Passeiam as luzes amarelas de torpor.
Elas são muito diferentes das estrelas!
Por que será que elas não brilham com fulgor?

Que o homem é sempre criatura curiosa
Buscando provas, testando teses, inovador.
Mas haverá, eternamente, um breve espaço
Onde persistem seus contrastes evidentes.
Preocupado segue ele no embaraço,




Em semelhanças que se mostram diferentes.

Os gritos roncam, as garras rasgam, face horrorosa!
Nos apavora, a pele fria e pegajosa.
Os anjos cantam uma canção melodiosa:
Falam de histórias, de dilemas e de reversos.

No limiar, entre o em cima e o embaixo,
Vamos tentando contar a vida em breves versos.
Vamos fervendo nosso corpo em raso tacho.
Todos estamos exatamente, nesse ponto:
Cruz no pescoço, espada na mão, olhar de espanto.
O bem e o mal:
De um lado, um diabo!
Do outro, um santo...

RRS

quarta-feira, 14 de julho de 2010

14 de julho: LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE

Liberdade para a vida, de se manisfestar em todas as suas variadas formas específicas, seja como microorganismos ou quaisquer outras; plantas, fungos, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.

Que a Terra possa manter suas paisagens deslumbrantes para deleite do homem e evolução natural de todas as formas de vida.

Que cada indivíduo possa se perceber como um igual hominídeo, frente a outro indivíduo, com direitos e deveres equilibradamente distribuídos e vivenciados.

Que a pobreza física corporal, na magreza da pele desnutrida, e na deficiência de perceber o mundo, não seja uma aberração numérica nas estatísticas de avaliação do desenvolvimento humano.

Que o fato de representarmos a única espécie do gênero Homo, no planeta, não nos torne desumanos pela condição única desse privilégio antropológico.

Que possamos considerar o outro - criatura humana ou não - como resultado de um mesmo processo de fluxo de energia e ciclagem de nutrientes, provisórios e efêmeros que somos, apesar da lucidez e espiritualidade diferenciadas.

O corpo deseja liberdade e igualdade de tratamento quanto ao acesso à ordem social, às suas tradições mais significativas, à moradia, ao alimento, à água e ao exercício muscular.

A mente deseja ser saudável com boa educação, que não seja deturpada por momentos repetitivos de mediocridades e futilidades, impróprias para uma boa formação ética, pelo menos em determinado momento histórico, refletido e aceito como razoável. Ao contrário, em vez de reforçá-los como sadios, devem ser motivo de avaliação rigorosa, tendo como meta, prevenir danos morais - em especial na infância e na juventude - mais vulneráveis que são às novidades.

Se um sonho for apenas um sonho, ele nascerá e morrerá numa mesma noite. Se for mais que um sonho, ele se materializará em ações que atravessarão a escuridão; e o nosso sono profundo nos devolverá a paz e a tranquilidade que o mundo merece e precisa.

Também podemos ser manifestações espirituais eternas se assim desejarmos, se assim aceitarmos, se assim assumirmos. Podemos ser qualquer coisa, desde qualquer coisa, até algo muito especial - não coisa - mas, definitivamente humanos sensatos e iluminados. É um desejo.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

ENCONTRO

Eu nunca sei o que vem em cada esquina.
Pode ser bom, mau, não vir ninguém.

Mas nossas dependências, nossos medos,
Nos transformam fatalmente num refém.

E ficamos presos por nós mesmos,
Sem motivos de outros, ou do além.

Por que somos assim tão inseguros,
E optamos por surpresas que não vêm?

Por que olhamos nós para o futuro,
Com um olhar incerto de desdém?

Não interessa o que virá depois!
Vale muito mais, o que eu sou agora!
Vale mais muito mais o que eu posso ser!

Mas, por favor, não seja negativo:
Você é uma extensão de Deus!
E Deus, é criatura positiva,
Não deixe que lhe tome a tristeza!

Jogue fora pensamentos destrutivos,
Ressentimentos e outras mazelas mais.

Perdoe o que um dia lhe fizeram,
Dobre a esquina, pense com firmeza,
E se encontre, alegremente, com a Paz.

VIVER

Viver é um ato político!
Jamais descompromissado!
Portanto, muito cuidado,
Com o que faz da sua vida!

Um minuto vale muito, por palavras e por atos:
Pensados, realizados.
Pode criar discussões ou fechar uma ferida!

Palavras são como armas!
Movimentos são açoites!
Mas podem ser linimentos, doçuras, amenidades.
Nós decidimos o passo, e até a direção.

Viver é um ato de amor,
Onde tudo pode ser mudado!
Portanto, preste atenção:
Um minuto vale muito, pelas idéias e fatos.
Pensados, realizados.

Voce pode ser um alheio, como opção, desligado.
Mas não esqueça a missão, do viver, do existir
De sua origem divina, estelar, semi-sagrada.

E como um deus do Olimpo,
Não deve viver sem graça, desprovido e apagado.

Brilhe meu querido irmão!
Com toda a sua claridade.
Leve a luz por onde passe.
Dissemine a verdade.

Que o seu viver, cada dia
Seja a própria eternidade...

RRS

sábado, 3 de julho de 2010

O POTE DE VIDRO

Nascemos como um pote de vidro,
Que nós vamos enchendo a cada dia,
Com as nossas opções e preferências,
Com a nossa tristeza ou alegria.

Que eu não seja um pote velho gorduroso,
Esquecido num canto escuro e mal cheiroso,
Com paredes rançosas de bolor.

Que mesmo antigo, seja muito transparente,
Que mesmo gasto, não perca a sua cor.
Que deixe sempre exalar algo gostoso,
Que nas paredes reflita alguém contente,
Quando esgotado, só reste nele amor...

28 set. 2009

RRS

ESTRANHO OLHAR

Em todo o meu olhar existe um pouco,
Como um espelho onde posso me olhar,
Existe um pouco do olhar do mundo.
Que estranho é esse meu olhar!

Nele, se multiplicam sonhos.
Nele, dançam fantasias,
Tristezas e alegrias,triunfos,decepções.

Esses olhares passando num segundo,
Da superfície nem mesmo vêm o fundo,
Nas fontes, passam apenas por passar...

Pelas frestas dos olhares vejo a vida,
Qual prisão, entre grades, a saída,
Eu procuro, por dentro de mim.

Lá dentro, pululam sentimentos,
Lá dentro, retorcem as agonias,
Em contorções que se contorcem devagar.
Que se prolongam em infindáveis dias,
E são doridas demais para abortar...

Nessa frieza do externo e do vulgar,
Passam olhares simplesmente por passar,
Só por passar, só por passar, só por passar...

Como sorrir completamente e gracejar,
Se parte dele é o próprio mundo a me passar,
A me passar, a me passar, a me passar?...

RRS

MUDANÇA

Estou simplificando a minha vida.
Fechando antigas feridas,
Elas já não doem mais.

Estou renovando o visual,
Pra me sentir mais jovem um pouco.
Mostrar que estou bem e não sou louco,
Mesmo fazendo coisas de um rapaz.

Estou refinando o paladar.
Posso não desprezar um pão com ovo,
Mas agora, também como caviar.

Estou vivendo um mundo diferente,
Que eu devia ter vivido há muito tempo,
Mas descuidei, enfim, deixei passar.

Eu quero dar um presente para mim.
Dividir minha alegria com alguém.
Retribuir a atenção de quem me queira,
Andar juntinho, quem sabe, por um caminho
E nunca mais, eu te juro, eu te prometo:
Vou me deixar ficar assim, aqui sozinho !

RRS

FINCADO NÃO!

Nós somos o projeto que escrevemos,
Sem sumários ou resumos rebuscados.
Sem frases feitas - basta dizer - eu quero!

Somos o que vem de dentro:
Do nosso sangue, da nossa alma.
De cada sentimentos que aflora,
Que grita e que se revela.
E no entanto, tudo isso pode ser perdido!
Você já viu uma casa sem janela?

Tem que ter uma saída, mas não exatamente uma porta.
Pode ser um vão, ou um buraco!
O que vale, é o que passa nele:
Pode ser na ponta ou pode ser no centro,
Um rastro de esperança,
Uma luz que vem de fora,
E encontra com a de dentro.

É algo que nunca se esquece,
E o milagre se faz, tudo acontece...

Nós somos santos, somos deuses, somos anjos.
Sabemos mágicas que transformam o existir.
E mesmo sem saber o que me espera,
Tenho certeza do que quero e aonde ir...
Viver nessa mesmice, é muito chato;
Quero ver o mundo bem de fora!
Se eu ficar muito tempo aqui parado,
Posso até, quem sabe, ter raízes!
E eu já estou aqui, faz mais de hora...
Eu tenho medo de acabar aqui fincado,
Tenho dois pés, eu não sou planta, vou me embora...

RRS

OS ROSTOS

Os rostos que passam pelos meus olhos,
Passam rápidos, desconhecidos, ausentes.
Os rostos que pelos meus olhos passam,
São rostos tristes, alegres e carentes.


Não dá para ler muito em cada um!
Porque são rápidos demais nesse passar...

Queria eu que alguém parasse de repente,
Por um momento me fitasse calmamente.
E me deixasse olhá-lo, só olhar.


Talvez eu descobrisse alguém profundo,
Que não passasse pelo mundo por passar.
Quem sabe eu descubra um olhar gêmeo,
Desejando ardentemente me encontrar?

Nesses olhares eu procuro uma esperança!

Mas, por favor, passem bem mais devagar...

RRS

ACREDITAR EM DEUS OU CONCEBER O INCONCEBÍVEL

Se entre seres, bactéria e homem,
Pode o último conceber o primeiro;
Vivendo num mesmo espaço, ao mesmo tempo,
Jamais o ser primeiro, mesmo num segundo,
Saberá o que pensa o derradeiro...

Se conceber o Inconcebível é impossível,
Por que não conceber o concebê-Lo?
Por que não crer que exista um Ser não crível?
Por que não ter, um Ser incrível, sem sabê-lo?

Se todos nós cremos, concebemos,
Possível é então acreditar:
Que sendo bactéria somos seres,
Que Deus tal como homem então será...

Que anos, após anos, vão embora.
Eras e mais eras passarão.
Com elas homens, bactérias, deuses, tempos,
Memórias, crença e convicção.

A distância existirá eternamente,
Entre os extremos de uma mesma evolução:
Numa ponta, apenas meros organismos;
Numa outra, a eterna interrogação...

RRS