domingo, 29 de junho de 2014

VENERAÇÃO

A veneração dos antepassados é ritual milenar.
Lembrar, admirar com respeito os que fazem parte de nós.
Pequenos gestos e trejeitos que não sabemos direito como justificar.
Modos de falar e agir, que aparecem aqui e ali; 
Em algum filho, num neto ou até mesmo num bisneto.
Aquele sorriso da mãe, aquele andar do seu pai,
Aquele olhar do vovô, a dedicação da vovó.
Ser mais lento ou muito rápido, ao decidir sua vida.
Chorar muito ou chorar pouco, numa decepção.
Ser manhoso, ardiloso, divertido, ou ser durão.
Ser teimoso, ser solícito, gostar de plantas e bichos.
De onde vêm esses gostos, manias e sentimentos?
 Geneticamente, a resposta.
 Ou será imitação?
 E conhecer um novo lugar tendo a sensação de ter estado lá?
Será que os nossos genes poderiam explicar?
 É coisa de sangue! De linhagem! De família!
 Bruxaria, feitiço e simpatia!
 Oração, oferenda, maestria.
 Quantas coisas nós fazemos no nosso dia-a-dia
que mostram facetas da gente?
 Ás vezes muito curiosas; e às vezes, muito  diferentes?
 Está tudo no passado! Parece bem coerente...
 Mas pare um pouco e pense!
Só podemos ser agora, no momento, no presente.
 Não podemos ser o ontem! Nós o fomos, já passou.
 Eu olho pra minha mãe, eu olho para o meu pai;
 Eu olho pra minha avó, eu olho pro meu avô.
 O que eles são? Ancestrais? Referências? Guardiões?
 Que lições me ensinaram? Que lições eu aprendi?
 Por que esperar que morram para serem venerados?
 Vou acender uma vela! Comprar um ramo de flores!
 Reformar o monumento! Chorar, comentar lembranças.
 Abrir álbuns, saber nomes; locais, cenas e fatos...
Passado, passado, passado.
 Meu caríssimo amigo:
 Cadáveres não curtem rosas!
 Ossos? São partes da terra...
 Demonstre seus sentimentos nesse momento e hora!
 Dê um beijo! Um abraço!
 Apenas um aperto de mão;
 Um olhar, uma esbarrada,
 Não espere que morram, para dizer quanto os ama.
Diga agora! Faça agora!
Ou eles irão embora...