sexta-feira, 4 de março de 2011

Sem graça

Porque um dia perdi a graça de ser alguém,
Porque alguém me convenceu que eu era ninguém,
Até porque não tinha ninguém
Para dizer que eu seria alguém,

Me tornei um desgraçado!

Pelos cantos fedorentos e sem graça,
Vou enchendo meu cérebro de suspiros.
Não exatamente os da padaria;
São mais profundos, tonteiam.

Aqui e ali, esqueço o dia.

Do chão, esticado, vejo a luz me incomodando.
Cubro o rosto, envergonhado.
Fico meio sem graça, desgraçado.
Eu durmo, todo dia, de cansado!
De fraqueza, desamparado.

Eu, às vezes, até tento; mas não consigo rir!
Vi um palhaço fazendo palhaçadas!
Uns panos coloridos, se movimentando,
Uma cara pintada me gesticulando.
E eu, desesperado, procurando a graça.

Procurando, procurando, procurando.

Mas outras crianças estavam lá, rindo!
Pareciam estar se divertindo;

E eu sem graça, sem graça, sem graça.

Quando será que a minha graça vai voltar?
Brincar de novo na antiga praça!
É muito triste uma criança não brincar.
Olhar perdido,

Sem graça, sem graça, sem graça...

RRS, 4 mar. 2011.

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