segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A criança, o galho, o pai e a lei.

A criança estava observando um galho seco que balançava pendurado na margem do rio e perguntou: pai, por que o galho balança? Ele tem energia própria? Vai e volta porque quer, ou alguém o obriga a voltar?

O pai ficou pensativo com a pergunta – não exatamente com o que poderia explicar - mas o filho era ainda muito pequeno para se preocupar com esse tipo de coisa. Ele deveria estar subindo em alguma árvore para pegar algum fruto e não ficar querendo saber por que o galho balançava ! Olhou para ele então, e disse o seguinte: meu filho, a vida é um eterno ir-e-vir. Veja o sol! Ele vem pela manhã, e vai embora antes do anoitecer. No outro dia, faz a mesma coisa. Os pássaros saem de seus abrigos todos os dias também, e voltam para eles ao anoitecer. É como se fosse uma lei do universo, que nós não podemos mudar, e devemos aceitá-las como tal. O filho olhou para o pai, mas não estava muito convencido. E voltou a perguntar: mas por que eu vou a algum lugar e ninguém me obriga a voltar de onde eu vim? O pai, outra vez respondeu: você não é “obrigado” a voltar porque você volta “naturalmente”, obedecendo a lei. Ela atua em você, mesmo que você não perceba! O filho não se convencia: mas por que as pessoas morrem e não voltam mais? O pai explicou: voltam sim, elas retornam como bebês, para cumprir suas missões outra vez. É um ciclo também. Vamos chamar isso de “lei do retorno” ou “princípio do pêndulo”. É exatamente o que você está vendo acontecer com o galho balançando. O galho pendurado é um pêndulo também. Ele não se parece nada com um cristal na ponta de um fio, mas a idéia é a mesma! O princípio funciona da mesma forma. Quando você empurra um peso pendurado numa corda ela voltará com a mesma intensidade que você o empurrou. Se usar muita força, o peso voltará com ela e você poderá ter problemas. Melhor seria que avaliasse o que vai fazer antes que a força se volte contra você mesmo. A natureza também tem limites e leis rigorosas! Precisamos conhecer estes segredos para saber com usá-los a nosso favor; e não exatamente “contra” nós !. Não devemos inventar leis ou estabelecer limites que não estejam dentro das leis e dos limites da natureza. Se fizermos isso, mais cedo ou mais tarde, o pêndulo se voltará contra nós com a mesma “violência” com que o empurramos. Por isso devemos ser gentis com a natureza e ela será gentil conosco, devolvendo-nos a graça que nós lhe oferecemos. Se a desafiamos, ela responderá desafiadoramente também. A natureza nunca é ruim, é apenas uma conseqüência natural da lei, Se você for agressivo com a natureza ela não responderá com agressividade, ela responderá com a aplicação de suas leis próprias - mesmo que isso cause muitos sofrimentos para nós humanos. A natureza não tem esse sentimento de fazer sofrer algo. Ela apenas usa as regras que sempre usou, mesmo quando nós nem estávamos aqui para constatar isso. A criança enfim suspirou: ta bom, acho que entendi! Vou ali apanhar aquela manga que está no chão e que sempre cai quando está madura, como manda a lei. Vou tirar sua casca e jogar fora para que sirva de alimento para os fungos, como manda a lei. Vou mastigar cada pedaço como sempre fiz e como manda a lei, Depois vou jogar o caroço fora para que outra mangueira possa nascer de novo, como manda a lei. Depois eu devo voltar para casa e dormir quando chegar a noite, como manda a lei. Acho que a partir de amanhã, quando acordar – como manda a lei - e vou tentar ver o mundo de um modo diferente. Ser menos arrogante e radical, reconhecendo que nós seremos – eternamente – dependente dessas leis, mesmo com todo o aparato tecnológico que possamos inventar. As leis não mudarão. Podemos ser felizes “dentro dos limites das leis da natureza”. Isso não nos é negado ! Mas precisamos respeitá-los, como manda a lei ...

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