segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ENTRE VÃOS

Do sofá, eu vejo a ponte pelas grades,
Como num quadro: emoldurado e fixo.
Que não deseja prender, só proteger:
Proteger da queda, proteger do abismo...

E lá longe, as rodas que não param de rodar.

Pela ponte, espetada no azul marinho,
Passam carros, com muitas vidas passando.

Alguém passa acompanhado, mas passa também sozinho,

Como passam os passarinhos: voando, voando, voando.

Paralelos e entre os vãos, passam outros, navegando.
E quantos, e quantas, passando...

E eu, entre os ferros, vejo tudo isso!.

O que será que as pontes unem?
Só uma cidade a outra?
Pessoas com outras pessoas?
Negócios? Vícios? Esperanças?

Grades que nem sempre prendem.
Pontes que nem sempre ligam.
Passam velhos, passam adultos e crianças.

Alegres, doentes ou sofridos...

Da ponte, não vejo as grades;
Mas através das grades, vejo a ponte.
Pequenos vãos entre barras, deitados na horizontal.
De um pequeno trecho de um quadro, retangular, vertical.

RRS, 23 jan 2010

Obs.: Olhando para a Ponte Rio-Niterói, por entre as grades da sacada do apartamento.

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