Do sofá, eu vejo a ponte pelas grades,
Como num quadro: emoldurado e fixo.
Que não deseja prender, só proteger:
Proteger da queda, proteger do abismo...
E lá longe, as rodas que não param de rodar.
Pela ponte, espetada no azul marinho,
Passam carros, com muitas vidas passando.
Alguém passa acompanhado, mas passa também sozinho,
Como passam os passarinhos: voando, voando, voando.
Paralelos e entre os vãos, passam outros, navegando.
E quantos, e quantas, passando...
E eu, entre os ferros, vejo tudo isso!.
O que será que as pontes unem?
Só uma cidade a outra?
Pessoas com outras pessoas?
Negócios? Vícios? Esperanças?
Grades que nem sempre prendem.
Pontes que nem sempre ligam.
Passam velhos, passam adultos e crianças.
Alegres, doentes ou sofridos...
Da ponte, não vejo as grades;
Mas através das grades, vejo a ponte.
Pequenos vãos entre barras, deitados na horizontal.
De um pequeno trecho de um quadro, retangular, vertical.
RRS, 23 jan 2010
Obs.: Olhando para a Ponte Rio-Niterói, por entre as grades da sacada do apartamento.