Vivemos uma breve passagem passageira,
passando por um breve tempo, passageiro.
Viajamos para um fim já definido:
não poderemos
viver eternamente
nesse aparente
mundo calculado.
Nos já fomos muitos no passado!
Hoje somos Homo, unicamente.
Não teremos nenhum futuro depois disso:
só a morte e a nossa
extinção...
Mas nos achamos ser eternamente eternos
em deletéria e equivocada
ilusão.
Nós já fomos muitos, é verdade!
Mas hoje, apenas um, sem chances de divisão.
Estamos sozinhos na planície,
olhando o Sol se
por ao longe, no horizonte.
Até que um dia
não haverá mais quem o acompanhe, quem o
adore,
quem o respeite ou
quem o tema.
Nesse mergulho que apaga cada dia,
um dia também
nós apagaremos.
Ele voltará sozinho; mas nós não retornaremos...
A planície vai ficar deserta!
O Sol solitário, iluminando o que restou:
ossos, peles,
cabelos e odores.
Prédios, estradas, monumentos e veículos.
Frios, quietos, calados e mudos.
Uma lápide oportuna e explicativa:
em meio ao silêncio
profundo e disperso.
Aqui jaz a espécie Homo sapiens:
o único homem
sabido do Universo.
(RRS, 5 de outubro de 2014).
Homenagem ao antropólogo Claude Lévi-Strauss
(28/11/1908-01/11/2009).
" Fico
emocionado porque estou na idade em que não se recebem nem se dão prêmios, pois
sou muito velho para fazer parte de um corpo de jurados. Meu único desejo é um
pouco mais de respeito para o mundo que começou sem ser humano e vai terminar
sem ele – isso é algo que sempre deveríamos ter presente”
(Aos 97 anos, em 2005, quando recebeu o 17º Prêmio
Internacional Catalunha, na Espanha).
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