A veneração dos
antepassados é ritual milenar.
Lembrar, admirar com
respeito os que fazem parte de nós.
Pequenos gestos e trejeitos
que não sabemos direito como justificar.
Modos de falar e agir, que
aparecem aqui e ali;
Em algum filho, num neto ou
até mesmo num bisneto.
Aquele sorriso da mãe,
aquele andar do seu pai,
Aquele olhar do vovô, a
dedicação da vovó.
Ser mais lento ou muito
rápido, ao decidir sua vida.
Chorar muito ou chorar
pouco, numa decepção.
Ser
manhoso, ardiloso, divertido, ou ser durão.
Ser
teimoso, ser solícito, gostar de plantas e bichos.
De
onde vêm esses gostos, manias e sentimentos?
Geneticamente,
a resposta.
Ou
será imitação?
E
conhecer um novo lugar tendo a sensação de ter estado lá?
Será
que os nossos genes poderiam explicar?
É
coisa de sangue! De linhagem! De família!
Bruxaria,
feitiço e simpatia!
Oração,
oferenda, maestria.
Quantas
coisas nós fazemos no nosso dia-a-dia
que
mostram facetas da gente?
Ás
vezes muito curiosas; e às vezes, muito diferentes?
Está
tudo no passado! Parece bem coerente...
Mas
pare um pouco e pense!
Só
podemos ser agora, no momento, no presente.
Não
podemos ser o ontem! Nós o fomos, já passou.
Eu
olho pra minha mãe, eu olho para o meu pai;
Eu
olho pra minha avó, eu olho pro meu avô.
O
que eles são? Ancestrais? Referências? Guardiões?
Que
lições me ensinaram? Que lições eu aprendi?
Por
que esperar que morram para serem venerados?
Vou
acender uma vela! Comprar um ramo de flores!
Reformar
o monumento! Chorar, comentar lembranças.
Abrir
álbuns, saber nomes; locais, cenas e fatos...
Passado, passado, passado.
Meu
caríssimo amigo:
Cadáveres
não curtem rosas!
Ossos?
São partes da terra...
Demonstre
seus sentimentos nesse momento e hora!
Dê
um beijo! Um abraço!
Apenas
um aperto de mão;
Um
olhar, uma esbarrada,
Não
espere que morram, para dizer quanto os ama.
Diga
agora! Faça agora!
Ou eles irão embora...