sábado, 29 de junho de 2013

Vivo, energizado, pensante.

 
Eu sou ambiente vivo, energizado, pensante.
Bolha dágua falante, andando por aí.
Meus gases se misturam dentro e fora.
Eu troca com a atmosfera a cada hora:
Inspiro, expiro, respiro.
 
Sou DNA de fósforo circulante;
Do guano branco das ilhas Cagarras,
Das aves predadoras oceânicas;
Dos peixes comidos e descartados.
 
Sou carbono das plantas de carvão;
De seus cadáveres que fabricam aço
Com as montanhas de ferro mineral.
 
Os meus ossso são feitos do calcáreo
Que o intemperismo forjou pela erosão.
  
Tenho inveja das plantas leguminosas,
Que fabricam suas folhas tão gostosas
Com as moneras amigas, generosas.
 
Mas eu vivo matando criaturas
Para moldar meu corpo plastificado.
Minha estrutura proteica organizada.
 
Mas apesar de tanta transformação,
Possuo alma, tenho sentimentos!
Falo com Deus!
Com as águas e com os ventos,
Com as montanhas, com os rios, oceanos...
 
Meio sagrado e também meio terrestre,
Às vezes pó, às vezes celeste;
Bem diferente de tudo mais,
Das muitas plantas e dos muitos animais,
Eu sei que "sou" em vez de "apenas ser".
Eu sinto a força e a energia.
 
Sou instrumento de uma inteligência,
Inexplicável, através do espaço.
 
Eu sou um "todo" mesmo sendo parte,
Uma verdadeira expressão da arte,
Sou a intenção de um amor multivagante.
 
Sou breve sopro que a brisa sopra.
Numa espiral eterna e sagrada.
Sou todas as coisas numa só coisa.
Mil posições na imensidão do nada.
 
(RRS, 29 jun. 2013)