O mundo passa por uma tremenda
transformação. Nossos próprios sentimentos mais íntimos e sagrados não são mais
valorizados como manifestações de êxtase e realização plena. Nossas luzes
interiores não conseguem competir com a parafernália tecnológica de cores e
efeitos diabólicos. O silêncio interior é coberto ruidosamente pelas distorções
sonoras. A graça do movimento corporal educado foi substituída pela loucura
drogada dos gestos desequilibrados. Que pena! A ilusão dos olhos e dos sons nos
tomou de tal forma que parece que perdemos a nossa dignidade humana e o
respeito a nós mesmos. Tornar-se artificial? Cultuar o ilusório e o efêmero? É
isso que chamam de “alegria”? Que tristeza! Em nome de que adjetivo pode ser
justificada a perda da vida? Por que temos que ampliar as nossas percepções
naturais através de buscas inéditas e chocantes? Por que não perseguir um novo
estilo de vida, mais “zen”, mais calmo, menos tumultuado? Precisamos retornar
ao culto interior de nossa alma. Não nos deixar iludir nem ser anestesiado com
motivos muito além de nossa sensibilidade equilibrada. Até quando vamos
continuar a sermos cúmplices de insanidades orquestradas? Deveríamos nos unir
nesse momento não somente para chorar ou orar; deveríamos refletir sobre a
necessidade pensada de mudar essa loucura que é o mundo atual, cheio de apelos
e fantasias por demais ampliadas. Por que não valorizamos a calma, a
serenidade, o silêncio respeitoso? Podemos ter músicas e danças nesses eventos.
Mas não qualquer música e não qualquer dança.
Mais qualidade e menos futilidades. Mais do que fiscalização e de regras
de segurança, precisamos de medidas morais urgentes. Não existem
incompatibilidades entre o cantar, o dançar, o brincar e o divertir-se. Mas
resta perguntar: que tipo de canto? Que dança? Que brincadeira? Que diversão? A juventude é um período maravilhoso, mas pode
se transformar num pesadelo inesquecível! Acordar é preciso, desse sonho
entorpecido pelo pós-modernismo deslumbrantemente enganador e equivocado. Por
quanto tempo ainda?
RRS, 28 de janeiro de 2013