Quisera ser eu um simples pingo dágua,
Morando no oceano, bem fundo,
Longe das atribulações do mundo:
Calmaria o dia inteiro !
Mas eis que sou um eterno viajante,
Frágil e esquecido passageiro,
Nessa rota curta,
Descendo a serra, serpenteando.
Nesse meu rio que nasce na montanha,
Vou me enrolando, pelas pedras, espumante.
Me despencando, desabando aqui e ali;
Às vezes brusco, às vezes me acalmando.
Mas sei muito bem da minha sina:
Devo parar com esse meu sonho delirante !
Brevemente, vou me diluir...
Com outros pingos que descem pelos vales,
Seguindo cada um, o seu destino,
Até deixarmos de correr sozinhos,
Sermos um só, na imensidão sem fim.
Vou me envolver com muitos outros pingos,
Ser oceano como no passado,
Certamente, um pouco mais salgado,
Por entre as ondas, com gosto bem ruim.
Mas, tenho certeza, um dia serei lembrado!
E outra vez, faço o mesmo caminho!
Vou viajar nas nuvens com o céu nublado;
Retornar doce, mais uma vez enfim.
Voltar com a chuva,
E escorrer nos troncos,
Cair do alto no chão de uma floresta.
É bom ser pingo nessa imensa festa...
RRS, 25 mar. 2012
Voltar com a chuva,
E escorrer nos troncos,
Cair do alto no chão de uma floresta.
É bom ser pingo nessa imensa festa...
RRS, 25 mar. 2012