terça-feira, 28 de dezembro de 2010

As feridas, os perdões, as cores e as nossas vidas


Não toque nas feridas !

Elas podem estar ainda muito doloridas.
Deixe que o tempo faça a sua parte.


É como um grande quadro a ser finalizado.
Não nasce de repente, pode levar anos...
Uma verdadeira obra de arte.


Cada cor, na ponta do pincel,
Trás uma marca; um significado...

Nossas palavras e atos agem da mesma forma.

Que sentimentos estão nas expressões de um ser?
Que intenções? Que sonhos? Que promessas?


E o corte, vai se aprofundando: o sangue jorra....
As cores vão se acentuando, se definindo...


No corpo, a dor aflora e grita!
Na tela, elas choram, mudas...


Se um quadro triste chorasse, ele não existiria.
Ficaria ali, borrado, cores escorridas...


Às vezes é isso que fazemos das nossas vidas.


Perdoe, seja um grande artista,
Cubra com amor as cicatrizes,

Pinte no seu quadro dias mais felizes.


RRS, 28 dez 2010.


domingo, 19 de dezembro de 2010

Perdoar: muito mais do que apenas doar

O que cada um é?

Fruto de uma opção,
De formação do caráter,
De convivências boas ou más.
De exemplos distorcidos,
Mal interpretados ?

Enfim, é preciso respeitar o outro,
Em seus erros e acertos,
Em suas escolhas.

Precisamos respeitar os ingênuos,
Os desprendidos,
Os distraídos,
Os displicentes.

Todos fazem parte da sociedade em que vivemos.

Mas existem também os de mau caráter,
Os invejosos,
Os inconformados,
Os renitentes.

Que nesse final de ano,
Todos sejam perdoados,
Por suas incoerências ou exageros impensados.
Afinal, é Natal !

Se Jesus morreu pelos pecados de um mundo inteiro,
Por que não perdoar algum insensato passageiro ...

RRS, 19 dez 2010

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Existir

Roberto Rocha

Certamente nenhuma árvore produzirá bons frutos
se estiver cercada de terra estéril, sedenta e nua.

Nenhum fruto será melhor que outro
Se todos forem iguais.

A diferença é uma necessidade:
surgir de um momento raro,
resultado de um conjunto de fatores e intenções,
indispensáveis e insubstituíveis.

Algo está no ar,
passeia por aí, meio perdido, mas não abandonado;
e, volta e meia, quando encontra uma pousada,
aí descansa e acalma.

E nesse breve momento,
faz acontecer milagres de santos.

E quando acorda, não sabe nem mesmo o que ocorreu;
mas tem certeza que por ali passou um brilho,
por um tubo menor que o da agulha de uma pulga hematófaga.

No entanto, expandindo-se, ilumina o universo!
E Deus vem sempre olhar, tal a intensidade!

E toda vez,
que se depara Ele, com o seu próprio rosto,
lá do outro lado do éter sem fim,
cria sempre novos mundos e novas criaturas.

Por isso é que estamos aqui...
Para continuar o milagre provisório de ser e de existir.
Entre estrelas e sonhos,
por entre risos e lágrimas,
em nosso morrer e em nosso renascer, a cada dia....

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O reencontro

Estava eu sozinho no meu canto,
Quando alguem exclamou bem de mansinho:
Há quanto tempo eu não te vejo!
Onde estava voce todo esse tempo?

E eu, sem saber exatamente responder,
Me desculpei: eu estava distraído !
Olhando o mundo sem fim,
Nos sem fins que o mundo tem.

E me dei conta de repente,
Que estava adormecido, semi-anestesiado,
Por ver tantas coisas tristes,
De passagens do passado.

E ainda sonolento, vejo as coisas meio tortas.
Quem sabe eu me acostumo,
Sem ficar tão ofuscado?

Passar da sombra pra luz,
Sempre exige algum cuidado,
De acostumar a retina,
Sem ficar desnorteado.

Encontrar comigo mesmo:
Que prazer inusitado!

Sente aqui por um momento,
Vamos conversar um pouco,
E eu te conto umas histórias
De voce, que eu já conheço.

É questão só de lembrar.
Voce pode me ajudar,
Se esquecer algum pedaço.
Da minha outra metade.

Voce pode acreditar: eu o tenho em bom apreço!

15 dez 2010

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

OPÇÕES

Por que cultivar tanta cobrança ?
Melhor rir, cheio de esperança;
Plantar o bem, regar com amor...

Por que viver tão revoltado?
Melhor refletir, respirar fundo;
Dar uma chance a voce mesmo,
E para o mundo...

Porque indiferenças, geram indiferenças!
Desunião, pare desunião!
Fazem nascer milhares de desavenças,
Que vão desabrochando em nosso coração.
Com nossas lembranças, depois de muitos anos,
Ao ver a nossa cultivada plantação.
Poderemos deixar um mar de lindas flores,
Ou quem sabe, um imenso e estéril campo,
Num grande vazio de insatisfação...

RRS, 5 nov. 2010




domingo, 17 de outubro de 2010

CANTARINHOS


Eu, prá minha distração, sozinho;
Passo um bom tempo vendo um passarinho,
Que como eu, gosta de cantar.

Eu, aqui tranquilo em meu cantinho,
Às vezes, também canto um pouquinho:
Porque cantar, é algo divino, é sagrado!

Eu e o passarinho, nós cantamos!

Ele pousa bem pertinho da janela.
E começa a cantoria apressado:
Eu cheguei! Eu cheguei!
Venha cantar um pouco aqui comigo!
Eu vim cantar para voce, amigo,
Que sempre me ouve, pacientemente.

Me desculpe se não te visito mais!
É que tenho muitos afazeres,
Muitas coisas que tenho que cuidar!
Meu tempo anda meio curto,
Mas sempre arranjo algum jeito,
Para vir até aqui cantar.

Se as vezes não apareço,
Não é que não lhe tenha apreço,

É a vida! É a vida...


Mas eu prometo: vou voltar!
E quero também que cante,
Alguma coisa pra eu guardar.

E assim, nós estaremos sempre juntos!

Mesmo voce sentado aí e eu no ar,
Nos lembraremos, eternamente, um do outro.

E mesmo que estejamos tão distantes,
Eu vou guardar todos os cantos com carinho.

E se a saudade, em certa hora apertar,
Vamos lembrar desses nossos cantarinhos,
E jamais nos sentiremos tão sozinhos...

RRS, 17 out. 2010




















sexta-feira, 8 de outubro de 2010

VIVER PARA

Quer ser visitado? Visite!
Quer ser amado? Ame!
Só o que fizeres para alguém, te farão também.

Quer ser odiado? Odeie!
Quer ter inimigos? Cultiva-os!
Eles te atormentarão, suficientemente...

Queres liberdade? Solta!.
Queres paz? Perdoa!

Só o amor te libertará de tudo;
Até da morte...

Porque voltarás outra vez;
E tudo o que era, será.
Não haverá lugar para fugir;
Não haverá nenhum canto pra ficar.

Reflete enquanto podes!
Sufoca teu orgulho e indiferença.
Lança os teus braços no escuro,
E abraça o que te causa desavença

E o mundo será melhor dessa maneira.

Depois de cultivarmos uma vida inteira,
Nos resta semear, outra vez, e outra vez.

Não há terra ruim, se tu trabalhas;
Embora leve tempo, e o tempo passe.
Mas um dia, a luz nos surge, e a planta cresce.
Sob milhares de cores radiantes.
E tudo brilha, e ninguém mais esquece.
E aprendemos de repente nessa luz,
Que vivemos para os nossos semelhantes...

RRS, 31 dez 2008

SINGELA FREQUÊNCIA



Sou mera ilusão corpórea,

De um breve momento cósmico.

Energia bruta cintilante,
Buscando um equilíbrio não constante,
Numa infinita vibração etérea.


Respiro, mas não respiro ...
Eu como, mas não como ...

Tudo apenas muda de aparência.

E assim, enganado e convencido,
Sigo eu, uma singela frequência ...

RRS, 15 nov. 2009

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O PÁSSARO DE CABEÇA VIRADA

Que estranha criatura esta, o pássaro estilizado!
Ora canta, ora olha em volta, meio espantado,
Procurando um tom de cor mais adequado,
Que não seja computadorizado.

Para onde foi a floresta pluvial,
Cheia de chuvas, umidades, ombrófila?
As que vêm do oceano, vaporizadas,
Derramadas nas montanhas, orográfica?

Onde pousar sem galhos e sem pernas
Para um descanso ou para construir um ninho?

Terei que ficar cantando só, sozinho,
Na esperança do verde, que eu ví um dia,
Nos meus sonhos pequeninos de um pequeno passarinho?

Ó São Francisco, me proteja!
Uma vez entrei sem querer na sua igreja,
E vendo voce lá, tanta ternura,
Cantarolei baixinho, com doçura,
E suspirei todo emocionado!

Que criatura santa, a cuidar das aves e outros animais!

Vou rezar para voce todos os dias,
Um padre-nosso e dez ave-marias,
Para fazer voltar as folhas e as flores.

Para que a mata se encha outra vez de cores,
Todas perfumadas, todas naturais...
RRS, 4 out. 2010









































domingo, 3 de outubro de 2010

CORES ILHADAS



Por que as cores às vezes são ilhas,
limitadas em suas alegrias e suas expressões?

Por que às vezes, estão enclausuradas,
num fundo escuro, cercadas?

As cores deveriam ser livres !
Todos os homens deveriam ser livres !

Muitas vezes, no entanto,
somos nós mesmos que a nós nos prendemos...

E ficamos ali, triangulados.
Em nossos quadrângulos!
Cerceados...

RRS, 3 out. 2010

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ENTRE VÃOS

Do sofá, eu vejo a ponte pelas grades,
Como num quadro: emoldurado e fixo.
Que não deseja prender, só proteger:
Proteger da queda, proteger do abismo...

E lá longe, as rodas que não param de rodar.

Pela ponte, espetada no azul marinho,
Passam carros, com muitas vidas passando.

Alguém passa acompanhado, mas passa também sozinho,

Como passam os passarinhos: voando, voando, voando.

Paralelos e entre os vãos, passam outros, navegando.
E quantos, e quantas, passando...

E eu, entre os ferros, vejo tudo isso!.

O que será que as pontes unem?
Só uma cidade a outra?
Pessoas com outras pessoas?
Negócios? Vícios? Esperanças?

Grades que nem sempre prendem.
Pontes que nem sempre ligam.
Passam velhos, passam adultos e crianças.

Alegres, doentes ou sofridos...

Da ponte, não vejo as grades;
Mas através das grades, vejo a ponte.
Pequenos vãos entre barras, deitados na horizontal.
De um pequeno trecho de um quadro, retangular, vertical.

RRS, 23 jan 2010

Obs.: Olhando para a Ponte Rio-Niterói, por entre as grades da sacada do apartamento.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A ESTRADA

O caminho se faz ao caminhar !
A cada passo, a cada pisar,
Em cada esquina e em cada olhar.

Não sabemos bem quando parar;
Apenas fitamos o horizonte ou o mar;
Não há destino algum para chegar.

A própria estrada é o lugar,
De se fazer ou de recomeçar;
Nunca de desistir, nem de recuar.

Cada um de nós é uma estrada;
E por nós, passa cada um em sua caminhada,
Que precisa prosseguir numa jornada,
Procurando conhecer e descobrir.

Seja uma boa estrada – ó caminheiro camarada !
Ajudando os outros a seguir!

RRS, 17 jul. 2009

terça-feira, 7 de setembro de 2010

OLHAR O OUTRO

Olhar no outro uma dor sentida,
Ou disfarçada, ou até dorida,
Mostrada às vezes, às vezes, escondida,

Esse olhar no outro, é olhar o outro.

Perceber a tristeza num sorriso,
A alegria aparente, deturpada,
Procurar lá dentro, bem lá dentro,
Querer ver alguma coisa, sem ter nada.

Preencher no outro esse vazio,
Custa muito pouco ou quase nada!

Porque também podemos ser o outro;
Sobrevivente, a sobreviver,

Visto de lá, tentando nos colher,
Nenhuma fruta, nem algum legume...
Mas o nosso íntimo, nossas razões de ser.

Mas se plantarmos as boas sementes,
Maiores chances teremos pra mudar :
A indiferença, a desumanidade, a insensibilidade,
Em cada frio olhar.

Ao procurarmos o outro em cada outro,
Nós percebemos um outro a nos olhar,
E nesse outro, com seu olhar perdido,
Ao procurá-lo, vamos nos achar.

17 jul. 2004

RRS

sábado, 4 de setembro de 2010

PINTAR COM VERSOS

Eu pensei.
Mas pensamento não é ato,
Se não caracterizá-lo em fato,
Torná-lo realidade...

Eu sonhei,
Mas sonhos são meus breves sentimentos,
Que me afloram à noite, recatados,
A me trazerem prazeres e tormentos.

Eu pretendi,
Mas pretensão também é passageira,
É uma tensão que corre e flui ligeira,
Se não se solta, em atos consumados.

Eu decidi,
E desta vez eu quis:
Pretendo ser feliz,
Errando aqui e ali!

Eu, nessa busca,
Percorro os meus caminhos;
Encontro alguns espinhos,
Mas entre eles, rosas...

Eu como poeta errante,
Vou descrevendo esse meu mundo em versos,
Pintando meus quadros com pincéis e prosas.

A vida é mesmo um grande poema,
E sempre vale muito a pena
Enfrentar cada desafio.

E assim, espalhando minhas palavras-cores,
Vou ocupando espaço por espaço,
A preencher o que resta ainda vazio.

RRS

domingo, 8 de agosto de 2010

NASCER, CRESCER E IR...

Quando uma águia cresce suas penas,
Quando aguça o bico e a visão,
Quando vê a presa bem distante,
Quando não deseja mais submissão,

É tempo de partir...

Deixar o ninho seguro e quente,
Voar por um mundo diferente,
Não ser mais filho, tentar ser um dos pais.

Entre outras companhias solitárias,
Descobrir em rodopios altaneiros
Que a natureza procura algo mais...

E juntando galhos numa rocha,
Circulando a região com altivez,
Vamos criar os nossos próprios filhos
Para que possam partir mais uma vez...

RRS

segunda-feira, 26 de julho de 2010

OS TRÊS PONTOS


Um ponto perambulava sozinho.
Até que encontrou outro ponto perambulando.
E o primeiro ponto perguntou ao segundo: o que fazes?
O segundo respondeu: eu perambulo!
O primeiro: vamos perambular juntos?
O segundo aceitou; e saíram os dois, perambulando..

Falavam das agonias e dificuldades de suas vidas.
Comentaram sobre a insensibilidade humana.
Reclamaram da desigualdade,
Da falta de solidariedade das pessoas.
E que também, já tinham muita idade.


Mas eis que encontram um terceiro ponto, perambulando.
E os dois, olharam um para o outro...
E um disse: será que ele vai perambular conosco?
O outro: não sei! Vamos perguntar!

Como vai, senhor terceiro ponto?
Ao que ele respondeu: vou perambulando!

Um sorriso brotou nos rostos dos dois amigos pontos.
Que ótimo! Que maravilha! Que esplêndido! Exultaram.
Nós também perambulamos...
E falávamos da vida.
Deseja se juntar a nós?

O terceiro inquiriu: e sobre o que falavam?
Falávamos sobre os problemas do mundo, responderam em coro!
Bem, disse o terceiro ponto,
Eu não gosto de falar apenas de problemas!
Eles já existem por si mesmo, além dos nossos comentários...

Eu proponho que nós três perambulemos,
Mas falaremos de possíveis soluções e atos,
E não de ficar apenas revirando o passado.
Quando três pontos se juntam, tudo acontece e tudo muda!

Todos se entreolharam por um momento...

E uma luz surgiu intensamente,
Sem ninguém saber explicar sua razão!

E os três pontos então, tornaram-se um ponto só, subitamente!

E o brilho foi tão intenso, que clareou tudo em volta!
E tudo aquilo que afligia e incomodava, desapareceu!

Ficou apenas a luz forte,
Como algo divinizado,

Num único e solitário ponto,

Resplandescente, todo iluminado...


RRS

sábado, 24 de julho de 2010

NAMASTE

Eu te saúdo, ó total!
Eu te venero em tudo,
Porque todos somos únicos assim:
Permanente, abrangente, inundante.

O grão de areia da praia distante,
Está no teu corpo agora, e está no meu também.
O ar das águias, respirado nas alturas,
Enche o meu peito e te alimenta.

A água no rio transparente,
Locomove os peixes e as criaturas.
O oceano sem fim, corre também em mim,
No teu sangue quente, reage e me esquenta.

Eu e voce, os dois, somos apenas um!
O ar, o grão, a água.
O espírito e a alma.

Tudo que me agita e te acalma,
Toda minha tristeza e tua dor,
Toda a tua alegria e todo o meu amor.

Tu sofres, eu choro, sofremos.
Danço, rodopias e grito,
Sou feio e sou bonito,
Sou santo e sou dragão.

Voce e eu, como um espelho!
Um Deus em frente ao seu altar.
A besta que te apavora,
Que faz estremecer meu coração.

Posso ver tudo com os teus olhos,
Usar tuas pernas e meus enlaços,
Meus pulmões e tua voz.

Eu rezo por você agora,
Em frente de mim, com toda a tua emoção.
Eu te abraço com os teus próprios braços,
Não existimos, somos apenas nós...

RRS

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A PAZ DE CADA UM

Se a paz pudesse estar em cada um !
Se cada um, tivesse um pouco, dessa paz !
A Paz do mundo seria um pouco, nós...

Se o somatório dos grãos da praia-areia;
Se a gotas-mares dos oceanos sem fim;
Se tudo isso, tão pequeno, tão singelo,
Pudesse eu, ser parte dele assim,
O mundo certamente eu mudaria,
Mas teria primeiro, com certeza,
De mudar o meu próprio mundo em mim.

Porque o meu mundo, posso eu mesmo controlá-lo!
Eu sou seu dono, seu senhor e presidente!
Nesse país, mando eu, cada momento,
Tenho o poder de dominá-lo, eternamente.

Eu só preciso da minha resolução,
Para mudar completamente essa nação.
Mas luto eu, em guerras que eu mesmo fiz.
Sem entender porque não sou tão feliz...
Justificando, a cada dia, meus rancores,
Guardo mazelas, tristezas e desamores...

Dentro de mim, a lava-vulcão borbulha!
As vezes, até tento vomitá-las...
Elas não saem, ficam lá, me embrulhando...
E eu sofrendo a cada dia, com essas dores,
Com esse fogo interior me cozinhando.

Eu quero um dia jogar fora tudo isso:
As vaidades, os orgulhos, sofrimentos...
Por que tenho eu que cultivá-los?
Se eles me matam, me sufocam, me atormentam!?

Eu preciso, urgentemente, descartá-los!
Pegar seus corpos e jogá-los no espaço!
Que fiquem longe, não retornem nunca mais!
E o meu sonho de querer mudar o mundo,
Vai começar, através da minha paz...

20 ago. 1999

RRS

sábado, 17 de julho de 2010

ESPANTO


São poucas as verdades verdadeiras
Que não sejam verdades passageiras;
Até que outra, se apresente e nos convença
A mudar nossa certeza e nossa crença.

Num imenso prato azul e tenebroso,
Somos tragados por um ser devorador!
Nessas viagens intermináveis de incertezas,
Sopram constantes rajadas de pavor...

Na escuridão do céu, não cintilantes,
Passeiam as luzes amarelas de torpor.
Elas são muito diferentes das estrelas!
Por que será que elas não brilham com fulgor?

Que o homem é sempre criatura curiosa
Buscando provas, testando teses, inovador.
Mas haverá, eternamente, um breve espaço
Onde persistem seus contrastes evidentes.
Preocupado segue ele no embaraço,




Em semelhanças que se mostram diferentes.

Os gritos roncam, as garras rasgam, face horrorosa!
Nos apavora, a pele fria e pegajosa.
Os anjos cantam uma canção melodiosa:
Falam de histórias, de dilemas e de reversos.

No limiar, entre o em cima e o embaixo,
Vamos tentando contar a vida em breves versos.
Vamos fervendo nosso corpo em raso tacho.
Todos estamos exatamente, nesse ponto:
Cruz no pescoço, espada na mão, olhar de espanto.
O bem e o mal:
De um lado, um diabo!
Do outro, um santo...

RRS

quarta-feira, 14 de julho de 2010

14 de julho: LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE

Liberdade para a vida, de se manisfestar em todas as suas variadas formas específicas, seja como microorganismos ou quaisquer outras; plantas, fungos, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.

Que a Terra possa manter suas paisagens deslumbrantes para deleite do homem e evolução natural de todas as formas de vida.

Que cada indivíduo possa se perceber como um igual hominídeo, frente a outro indivíduo, com direitos e deveres equilibradamente distribuídos e vivenciados.

Que a pobreza física corporal, na magreza da pele desnutrida, e na deficiência de perceber o mundo, não seja uma aberração numérica nas estatísticas de avaliação do desenvolvimento humano.

Que o fato de representarmos a única espécie do gênero Homo, no planeta, não nos torne desumanos pela condição única desse privilégio antropológico.

Que possamos considerar o outro - criatura humana ou não - como resultado de um mesmo processo de fluxo de energia e ciclagem de nutrientes, provisórios e efêmeros que somos, apesar da lucidez e espiritualidade diferenciadas.

O corpo deseja liberdade e igualdade de tratamento quanto ao acesso à ordem social, às suas tradições mais significativas, à moradia, ao alimento, à água e ao exercício muscular.

A mente deseja ser saudável com boa educação, que não seja deturpada por momentos repetitivos de mediocridades e futilidades, impróprias para uma boa formação ética, pelo menos em determinado momento histórico, refletido e aceito como razoável. Ao contrário, em vez de reforçá-los como sadios, devem ser motivo de avaliação rigorosa, tendo como meta, prevenir danos morais - em especial na infância e na juventude - mais vulneráveis que são às novidades.

Se um sonho for apenas um sonho, ele nascerá e morrerá numa mesma noite. Se for mais que um sonho, ele se materializará em ações que atravessarão a escuridão; e o nosso sono profundo nos devolverá a paz e a tranquilidade que o mundo merece e precisa.

Também podemos ser manifestações espirituais eternas se assim desejarmos, se assim aceitarmos, se assim assumirmos. Podemos ser qualquer coisa, desde qualquer coisa, até algo muito especial - não coisa - mas, definitivamente humanos sensatos e iluminados. É um desejo.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

ENCONTRO

Eu nunca sei o que vem em cada esquina.
Pode ser bom, mau, não vir ninguém.

Mas nossas dependências, nossos medos,
Nos transformam fatalmente num refém.

E ficamos presos por nós mesmos,
Sem motivos de outros, ou do além.

Por que somos assim tão inseguros,
E optamos por surpresas que não vêm?

Por que olhamos nós para o futuro,
Com um olhar incerto de desdém?

Não interessa o que virá depois!
Vale muito mais, o que eu sou agora!
Vale mais muito mais o que eu posso ser!

Mas, por favor, não seja negativo:
Você é uma extensão de Deus!
E Deus, é criatura positiva,
Não deixe que lhe tome a tristeza!

Jogue fora pensamentos destrutivos,
Ressentimentos e outras mazelas mais.

Perdoe o que um dia lhe fizeram,
Dobre a esquina, pense com firmeza,
E se encontre, alegremente, com a Paz.

VIVER

Viver é um ato político!
Jamais descompromissado!
Portanto, muito cuidado,
Com o que faz da sua vida!

Um minuto vale muito, por palavras e por atos:
Pensados, realizados.
Pode criar discussões ou fechar uma ferida!

Palavras são como armas!
Movimentos são açoites!
Mas podem ser linimentos, doçuras, amenidades.
Nós decidimos o passo, e até a direção.

Viver é um ato de amor,
Onde tudo pode ser mudado!
Portanto, preste atenção:
Um minuto vale muito, pelas idéias e fatos.
Pensados, realizados.

Voce pode ser um alheio, como opção, desligado.
Mas não esqueça a missão, do viver, do existir
De sua origem divina, estelar, semi-sagrada.

E como um deus do Olimpo,
Não deve viver sem graça, desprovido e apagado.

Brilhe meu querido irmão!
Com toda a sua claridade.
Leve a luz por onde passe.
Dissemine a verdade.

Que o seu viver, cada dia
Seja a própria eternidade...

RRS

sábado, 3 de julho de 2010

O POTE DE VIDRO

Nascemos como um pote de vidro,
Que nós vamos enchendo a cada dia,
Com as nossas opções e preferências,
Com a nossa tristeza ou alegria.

Que eu não seja um pote velho gorduroso,
Esquecido num canto escuro e mal cheiroso,
Com paredes rançosas de bolor.

Que mesmo antigo, seja muito transparente,
Que mesmo gasto, não perca a sua cor.
Que deixe sempre exalar algo gostoso,
Que nas paredes reflita alguém contente,
Quando esgotado, só reste nele amor...

28 set. 2009

RRS

ESTRANHO OLHAR

Em todo o meu olhar existe um pouco,
Como um espelho onde posso me olhar,
Existe um pouco do olhar do mundo.
Que estranho é esse meu olhar!

Nele, se multiplicam sonhos.
Nele, dançam fantasias,
Tristezas e alegrias,triunfos,decepções.

Esses olhares passando num segundo,
Da superfície nem mesmo vêm o fundo,
Nas fontes, passam apenas por passar...

Pelas frestas dos olhares vejo a vida,
Qual prisão, entre grades, a saída,
Eu procuro, por dentro de mim.

Lá dentro, pululam sentimentos,
Lá dentro, retorcem as agonias,
Em contorções que se contorcem devagar.
Que se prolongam em infindáveis dias,
E são doridas demais para abortar...

Nessa frieza do externo e do vulgar,
Passam olhares simplesmente por passar,
Só por passar, só por passar, só por passar...

Como sorrir completamente e gracejar,
Se parte dele é o próprio mundo a me passar,
A me passar, a me passar, a me passar?...

RRS

MUDANÇA

Estou simplificando a minha vida.
Fechando antigas feridas,
Elas já não doem mais.

Estou renovando o visual,
Pra me sentir mais jovem um pouco.
Mostrar que estou bem e não sou louco,
Mesmo fazendo coisas de um rapaz.

Estou refinando o paladar.
Posso não desprezar um pão com ovo,
Mas agora, também como caviar.

Estou vivendo um mundo diferente,
Que eu devia ter vivido há muito tempo,
Mas descuidei, enfim, deixei passar.

Eu quero dar um presente para mim.
Dividir minha alegria com alguém.
Retribuir a atenção de quem me queira,
Andar juntinho, quem sabe, por um caminho
E nunca mais, eu te juro, eu te prometo:
Vou me deixar ficar assim, aqui sozinho !

RRS

FINCADO NÃO!

Nós somos o projeto que escrevemos,
Sem sumários ou resumos rebuscados.
Sem frases feitas - basta dizer - eu quero!

Somos o que vem de dentro:
Do nosso sangue, da nossa alma.
De cada sentimentos que aflora,
Que grita e que se revela.
E no entanto, tudo isso pode ser perdido!
Você já viu uma casa sem janela?

Tem que ter uma saída, mas não exatamente uma porta.
Pode ser um vão, ou um buraco!
O que vale, é o que passa nele:
Pode ser na ponta ou pode ser no centro,
Um rastro de esperança,
Uma luz que vem de fora,
E encontra com a de dentro.

É algo que nunca se esquece,
E o milagre se faz, tudo acontece...

Nós somos santos, somos deuses, somos anjos.
Sabemos mágicas que transformam o existir.
E mesmo sem saber o que me espera,
Tenho certeza do que quero e aonde ir...
Viver nessa mesmice, é muito chato;
Quero ver o mundo bem de fora!
Se eu ficar muito tempo aqui parado,
Posso até, quem sabe, ter raízes!
E eu já estou aqui, faz mais de hora...
Eu tenho medo de acabar aqui fincado,
Tenho dois pés, eu não sou planta, vou me embora...

RRS

OS ROSTOS

Os rostos que passam pelos meus olhos,
Passam rápidos, desconhecidos, ausentes.
Os rostos que pelos meus olhos passam,
São rostos tristes, alegres e carentes.


Não dá para ler muito em cada um!
Porque são rápidos demais nesse passar...

Queria eu que alguém parasse de repente,
Por um momento me fitasse calmamente.
E me deixasse olhá-lo, só olhar.


Talvez eu descobrisse alguém profundo,
Que não passasse pelo mundo por passar.
Quem sabe eu descubra um olhar gêmeo,
Desejando ardentemente me encontrar?

Nesses olhares eu procuro uma esperança!

Mas, por favor, passem bem mais devagar...

RRS

ACREDITAR EM DEUS OU CONCEBER O INCONCEBÍVEL

Se entre seres, bactéria e homem,
Pode o último conceber o primeiro;
Vivendo num mesmo espaço, ao mesmo tempo,
Jamais o ser primeiro, mesmo num segundo,
Saberá o que pensa o derradeiro...

Se conceber o Inconcebível é impossível,
Por que não conceber o concebê-Lo?
Por que não crer que exista um Ser não crível?
Por que não ter, um Ser incrível, sem sabê-lo?

Se todos nós cremos, concebemos,
Possível é então acreditar:
Que sendo bactéria somos seres,
Que Deus tal como homem então será...

Que anos, após anos, vão embora.
Eras e mais eras passarão.
Com elas homens, bactérias, deuses, tempos,
Memórias, crença e convicção.

A distância existirá eternamente,
Entre os extremos de uma mesma evolução:
Numa ponta, apenas meros organismos;
Numa outra, a eterna interrogação...

RRS