segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Pirotecnia


 
O mundo passa por uma tremenda transformação. Nossos próprios sentimentos mais íntimos e sagrados não são mais valorizados como manifestações de êxtase e realização plena. Nossas luzes interiores não conseguem competir com a parafernália tecnológica de cores e efeitos diabólicos. O silêncio interior é coberto ruidosamente pelas distorções sonoras. A graça do movimento corporal educado foi substituída pela loucura drogada dos gestos desequilibrados. Que pena! A ilusão dos olhos e dos sons nos tomou de tal forma que parece que perdemos a nossa dignidade humana e o respeito a nós mesmos. Tornar-se artificial? Cultuar o ilusório e o efêmero? É isso que chamam de “alegria”? Que tristeza! Em nome de que adjetivo pode ser justificada a perda da vida? Por que temos que ampliar as nossas percepções naturais através de buscas inéditas e chocantes? Por que não perseguir um novo estilo de vida, mais “zen”, mais calmo, menos tumultuado? Precisamos retornar ao culto interior de nossa alma. Não nos deixar iludir nem ser anestesiado com motivos muito além de nossa sensibilidade equilibrada. Até quando vamos continuar a sermos cúmplices de insanidades orquestradas? Deveríamos nos unir nesse momento não somente para chorar ou orar; deveríamos refletir sobre a necessidade pensada de mudar essa loucura que é o mundo atual, cheio de apelos e fantasias por demais ampliadas. Por que não valorizamos a calma, a serenidade, o silêncio respeitoso? Podemos ter músicas e danças nesses eventos. Mas não qualquer música e não qualquer dança.  Mais qualidade e menos futilidades. Mais do que fiscalização e de regras de segurança, precisamos de medidas morais urgentes. Não existem incompatibilidades entre o cantar, o dançar, o brincar e o divertir-se. Mas resta perguntar: que tipo de canto? Que dança? Que brincadeira? Que diversão?  A juventude é um período maravilhoso, mas pode se transformar num pesadelo inesquecível! Acordar é preciso, desse sonho entorpecido pelo pós-modernismo deslumbrantemente enganador e equivocado. Por quanto tempo ainda?
RRS, 28 de janeiro de 2013