segunda-feira, 14 de março de 2011

Louvor à ignorância do saber

Ah! Quem dera um dia eu conhecesse
Os segredos escondidos do viver...
Descobrisse a chave que abrisse
A passagem de um para outro ser.
Sem atritos, sem desordens, sofrimentos.
Colecionar apenas belos momentos,
Repetitíveis, com o segredo.
Mas sou um ignorante nato,
Desconectado das coisas do saber;
Que não consegue ler, em cada fato,
Uma mensagem viva, ensinamentos.
E assim, sigo animalisado,
Grotesco, mal educado.
Fruto do meu meio, do comum.
Mas quer saber: acho que me acostumei a viver assim.
Todos por aqui, fazem a mesma coisa!
Quase ninguém me nota!
E também não falam mal de mim...
RRS, 9 mar 2011

sexta-feira, 4 de março de 2011

Sem graça

Porque um dia perdi a graça de ser alguém,
Porque alguém me convenceu que eu era ninguém,
Até porque não tinha ninguém
Para dizer que eu seria alguém,

Me tornei um desgraçado!

Pelos cantos fedorentos e sem graça,
Vou enchendo meu cérebro de suspiros.
Não exatamente os da padaria;
São mais profundos, tonteiam.

Aqui e ali, esqueço o dia.

Do chão, esticado, vejo a luz me incomodando.
Cubro o rosto, envergonhado.
Fico meio sem graça, desgraçado.
Eu durmo, todo dia, de cansado!
De fraqueza, desamparado.

Eu, às vezes, até tento; mas não consigo rir!
Vi um palhaço fazendo palhaçadas!
Uns panos coloridos, se movimentando,
Uma cara pintada me gesticulando.
E eu, desesperado, procurando a graça.

Procurando, procurando, procurando.

Mas outras crianças estavam lá, rindo!
Pareciam estar se divertindo;

E eu sem graça, sem graça, sem graça.

Quando será que a minha graça vai voltar?
Brincar de novo na antiga praça!
É muito triste uma criança não brincar.
Olhar perdido,

Sem graça, sem graça, sem graça...

RRS, 4 mar. 2011.